Quando decidi mudar a minha vida.

20-02-2017
  • A verdade é que sempre quis ser mãe, mas decidi que só seria quando eu achasse que seria o momento certo. No ano de 2015 eu e meu namorado decidimos viver juntos. Isto iria ser tão oficial quanto o casamento, coisa que decidimos os dois que não era um objetivo, por isso morar juntos era a oficialização total da relação. Desde aí que comecei a ver as coisas de forma mais consciente daquilo que eu queria. Começou aquela conversa da família de "vá, agora faltam os bebés, qualquer dia já temos novidades". Nós sorriamos cordealmente sem pensar muito nisso mas sempre com aquela ideia de que a vida se estava a compor, realmente já podemos ter uma família. Os dois com empregos fixos, vida estável em todos os aspectos, a ideia foi se estabelecendo, a conversa veio à baila diversas vezes e então decidimos que no verão de 2016 eu deixava de tomar a pilula e tentavamos a nossa sorte. Assim foi, marquei consulta para o verão e expus à médica de família a nossa decisão e foram feitos todos os procedimentos normais para poder começar a tentativa. Fui logo avisada que poderia ser um processo demorado, o normal até seria demorar 6 meses até conseguir engravidar, para não me preocupar. Eu? Não me preocupar? Deixem-me explicar um GRANDE pormenor sobre mim, vivo com um trastorno de ansiedade, felizmente moderadamente controlado mas que cá mora. Ora bem, para quem sabe o que é viver com a ansiedade sabe que dizerem-me "não se preocupe" ou não me dizerem nada, é exatamente o mesmo. Claro que me preocupo. A ansiedade preocupa-se. Esperar cria ansiedade. Não gosto. Não quero. Estão a ver a novela que criei? Ainda sem sequer saber se teria de esperar meses e anos antes de engravidar já estava em pânico com essa ideia. Chorei. Matutei horas nisto. O Ricardo, o paciente namorado e futuro pai, tentava me explicar que não podia já estar nesses filmes se nem sabia qual seria a nossa situação. Pois. Eu sei que esse é o pensamento normal, mas também sei que ter uma mente ansiosa não é ter pensamentos normais.

 Comecei a tomar ácido fólico, para evitar problemas na formação do bebé, ainda com a pilula, para reforçar bem o organismo antes da possibilidade de ter o bebé a crescer dentro de mim. Em Agosto deixo a pilula. Lembro-me tão bem da ansiedade que senti, só por deixar de tomar o metodo contraceptivo que me empedia até aquele dia, de ser mãe. Senti-me feliz, logo, como se já se tivesse a tornar tudo verdade. E estava. Para minha surpresa, apesar da enorme esperança que sempre tive, em Setembro engravidei. Foi em Outubro que descobri. O período não veio, pequenos enjoos e sonolência foram as minhas pistas. Fiz o teste sozinha em casa. Deu positivo! Positivo! Estou grávida! Sorri, sozinha. Segundos depois o coração bombeia com toda a força que pode, tantas emoções que já nem as sei definir. E assim, tão rápido, tão depressa, tão abençoada, descobri que ia ser mãe.

Sara, 2017
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