O novo eu que há em mim.
Gravidez é sinónimo de mudança. Em multiplos aspectos mudamos, seja
na personalidade, na forma como vemos a vida, no que queremos da vida,
de como amamos e nos deixamos ser amadas e claro, fisicamente. O corpo
muda bastante, pelo menos para a maioria das mulheres, hoje em dia há
cada vez mais mães fit que só cresce ali um bocadinho da barriga e mal o
bebé nasce volta tudo ao que era. Não é o meu caso.
Estou com 35
semanas de gestação e com 10 kg a mais. Se encarei bem a noticia de que
tinha mais 10 kg? Não, fiquei desiludida comigo porque sei que perdi o
controle muitas vezes e comi demasiado. Se me deprimi por causa desses
10kg a mais? Não, de todo, caiu mal, engoli, passou segui em frente.
Queria
ter um ganho de 9kg até ao final da gravidez, no oitavo mês já levo um
quilo a mais do que pretendia, por isso não vou conseguir, paciência.
Sou
alta, meço 1,72, e estes 10kg estão camuflados de cima a baixo ahah é a
minha sorte, porque a verdade é que com duplo digito a mais no corpo
não me sinto mal comigo própria, não tenho complexos, não deixei de
vestir nada do que gosto desde que me caiba lá a barrigota ahah A
verdade é que não me sinto gorda, nem com peso a mais. Tenho o maior
orgulho e amor pelo meu corpo grávido, tenho mais agora do que sem ser
grávido, antes sentia-me muito mais complexada do que agora, por
incrivel que pareça.
Apesar desta mentalidade positiva e alegria
plena, tenho a total consciência de que este amor próprio e aceitação
completa vai acabar assim que o meu filho nascer. Acho que de forma
insconsciente vejo o meu corpo a voltar ao normal de imediato, como por
magia, o bebé já não mora aqui então vai tudo embora. E é aí que eu vou
começar a ter outra ideia do meu corpo. Porque eventualmente ele poderá
voltar ao normal, mas não por magia como a minha cabeça acha, nem será
em dias. Não acredito que vá aceitar tão bem esse corpo, essa mudança,
toda a flacidez vai me dar uma chapada na cara daquelas que deixa os
dedos bem marcados. Tenho receio de me deixar ir a baixo e ficar com
mais complexos, mas sei que tudo depende de mim e de saber ter
paciência, coisa que não sabia e agora até já sei um bocadinho mais.
Mudei, continuo a mudar, a altura mais importante da minha vida vai
deixar marcas, e vou ter de saber viver com elas. Quem sabe até me
surpreendo.