E quem espera, desespera?

03-05-2017

Quando decidimos tentar ter um bebé tive receio da espera. Novidade, né? Tive medo de ouvir que não poderia engravidar, de ter testes negativos meses e meses a fio, de não conseguir atingir este sonho.
Tive a benção de engravidar logo, esperei um mês apenas, por isso não sei o que isso é.
Não sei o que é sentir a natureza contra mim, sentir a inutilidade da vontade, que só isso não basta. Mas conheço de perto uma situação assim, e agora sei, ou julgo que sei, a sensibilidade que tem de se ter ao lidar com esse assunto. Agora aprendi que ao ver um casal não devo dizer "Então, estão à espera de quê para ter um bebé?" ou "Então?? Agora só faltas tu". Se antes fazia isto, se tinha este tipo de abordagem, agora sei a dor que posso causar, a verdade que pode estar por de trás do "Ah ainda não, um dia quem sabe". Sei o que pode doer numa mulher ouvir isso de quem já tem um filho no colo, que já por si lhe deve custar ver e ainda vou eu comentar por cima... Ao conviver com este caso por perto fiquei consciente que realmente não sabemos do que falamos nem com quem falamos, por isso, para quê falar?
Perguntar também não me parece boa opçõa, pode ofender. Se o assunto surgir e virmos que a pessoa se sente confortável com o assunto então aí sim podemos ir conforme a conversa flui. Foi assim que comecei a lidar quando me deparo com essas situações e sinceramente sinto maior conforto nas pessoas, talvez por não sentirem a pressão social que existe. Sim, a sociedade impõe a pressão no casal para que se forme uma familia, e nem sempre é possível ou nem sempre é desejado. É se menos feliz por isso? Não sei, acredito que com as armas necessárias todo o equilibrio se atinge, quem sou eu para julgar o que cada um faz da própria vida? Eu fui muito abençoada com esta gravidez, sempre quis isto para a minha vida, sempre sonhei ser mãe e graças a Deus estou prestes a ter o meu filho aqui comigo, mas não seria menos mulher se não o fizesse. Sinto que há esse estigma, mulher que é mulher é mãe. Não concordo. Há muitas formas de se ser mulher. Há muitas formas de se ser uma familia. Para quem tenha o mesmo sonho que eu mas ainda não conseguiu, eu acredito que tudo tem a altura certa, esta foi a minha, felizmente calhou na mesma altura que a minha vontade, mas no seu caso, que ainda espera o positivo, talvez ainda não seja a hora. Quando o positivo chegar, a gravidez avançar você vai perceber e vai dar razão de que realmente esta é a sua hora e do seu bebé. Não sei porque existem mães que abandonam e maltratam os seus filhos enquanto muitas mulheres estão à espera de uma gravidez vidas inteiras, não sei explicar porque é que isso acontece, acho que é uma reflexão que nasce dentro de cada uma e quem está por fora não compreende. Talvez você que abortou compreenda porque o fez e quem tenta não consiga perceber. Talvez quem maltrate não tenha compreensão possível mas eu acredito que a sua hora também chega, e a reflexão também. Tudo tem de ter um motivo e uma consequência. A hora certa é saber esperar ou saber aprender na espera.


Sara, 2017
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