E quando nasce o pai?

01-03-2017

Assim que me mentalizei que esta benção me estava a acontecer, senti-me mãe. Não foi logo no inicio, foi quando as hormonas e os medos me permitiram. Sou mãe. Comecei a programar o meu pensamento para mãe, tenho lido muito, tenho conversado com quem tem a experiência, tenho retirado o melhor de cada um, mas tenho a perfeita noção que não há texto nem experiência contada que me vá ensinar mais do que o que a vida me vai proporcionar. Sentir o meu filho mexer foi a confirmação total de toda a confusão de sentimentos que por aqui ia, sou mãe. Amo-o mais a cada pontapé, cada reação que tem à minha voz, cada ecografia em que o vejo.
Mas e o pai? Quando é que pai se torna pai? No meu caso, notei de inicio uma mudança no Ricardo. Tornou-se num companheiro muito mais preocupado, disponivel, tolerante e compreensivo. Nem sempre é fácil lidar comigo, há dias que as hormonas me deixam irritada até com o vento.
Muitas vezes, na gravidez, o casal é drasticamente prejudicado. Tem de haver esforços de ambas as partes. O pai terá de ser mais compreensivo com a mãe, por toda a transformação fisica e psicologica que um bebé traz. Mas também uma mãe tem de ser flexivel e comunicadora com o pai, para que seja possível lidar com os problemas.
É nesta fase de compreensão, ajuda e tolerância, que nasce o pai. Quando o homem se consegue adaptar vendo que a prioridade maior é o bem estar da mãe, que transporta o seu filho, começa o amor incondicional da paternidade. A interajuda fortalece a relação e ajuda o pai a adaptar-se a toda a nova situação que se avizinha. Esta é a leitura que eu faço de toda a situação. Não se é pai só quando se tem o filho nos braços. É pai aquele que consegue amar e cuidar mesmo sem ainda ter o filho por perto. Também devo destacar que é muito importante que a mãe não se esqueça de valorizar e mimar o pai. Por vezes é fácil ser absorvida pelo bebé e pela gravidez, esquecendo das necessidades do pai. Daí eu dizer que todo o processo se resume na interajuda do casal.
Ser mãe é talvez mais instintivo, pelo facto de sentirmos várias tranformações desde o momento que sabemos que estamos grávidas. Ser pai é um processo que requer disponibilidade para se iniciar, e a partir daí é todo um crescimento natural. Ver a ecografia, escolher uma roupinha, fazer planos de poupança e tudo que for preciso para que nada lhe falte. É dar sem receber nada em troca, ainda. Ser pai durante a gravidez é um processo solitário que requer um grande reconhecimento por parte da mãe. E eu reconheço o pai maravilhoso que o meu filho tem.


Sara, 2017
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