Amiga, cadê você?
Antes de ser mãe já via e ouvia conversas sobre mães que nunca mais viram os amigos. Grávida dei mais importância a estes assuntos e talvez por isso me tenha apercebido ainda mais dessa opinião. Fez-me pensar. O certo é que só quando a realidade bate é que nos apercebemos mesmo. Quando somos mães, quando o bebé tem dias, semanas, não se nota nada. É novidade, toda a gente telefona, visita, quer fazer parte. Não nos resta muito tempo livre, por isso também não vemos tanto quem não está por perto. Com o passar do tempo a casa deixa de estar cheia, o telefone deixa de tocar. Aí começas a perceber que se calhar as coisas estão diferentes. E estão. Principalmente se és a única, ou da minoria, que tem filhos. Há planos que não te dão muito jeito. Horas de eventos que não são compatíveis com a hora da mama, da sesta, da muda, do arroto, da cólica... e nega após nega, deixas de ser convidada. Deixas de fazer parte. Essa é a verdade.
Tens o teu grupo, continuas a fazer parte, teoricamente, mas na prática...
De repente estás numa página diferente dos outros, numa fase da vida diferente que te faz obrigatoriamente ter escolhas diferentes das deles. Foste posta de parte? Foste. Puseste o grupo de parte? Eh pa, se calhar até pus. Não há uma culpa, é a evolução diferente das pessoas. Há coisas para as quais me podiam chamar? Claro que há. Há dias que estás tão cansada e consumida pela rotina que por muito que te convidem, não vais? Garanto que há.
Serão prioridades? Não sei. Já não lhes interesso? Muito provavelmente. Mudei? Imenso, se calhar já não sou a mesma amiga, não sendo eu a mesma pessoa de uns anos atrás. Se calhar é só isso. Se calhar é o "quem muito falta, deixa de fazer falta". Agora digo sinceramente, faltei mas também desapareceram. Posso criar o novo ditado de "quem pouco ou nunca visita deixa de merecer atenção"? Que tal?
Mas há os que ficam. Os que estranham a diferença mas ligam. Visitam. Conhecem o meu filho!!! Sim queridos, ver fotos no Facebook não é conhecer o meu filho. Conto pelos dedos de uma mão, e sobram, os que conhecem e visitam o Salvador. Até que ponto isto me afecta? Agora já em nada, já me habituei. Mas o início custa um bocado. As pessoas mudam muito quando a nossa vida muda.